Seis motivos para ler os livros de literatura do vestibular – e não apenas os resumos

Bianca Buse, assessora de Língua Portuguesa da Editora Positivo, fala sobre a leitura dos livros de literatura do vestibular

Com tanta matéria para revisar, exercícios para fazer, textos para escrever – e os nervos à flor da pele –, os alunos que estão se preparando para o vestibular acabam deixando de lado os livros de literatura indicados pelas universidades para a realização das provas. E, aí, o caminho mais rápido acaba sendo apenas a leitura dos resumos, na maioria das vezes, de última hora.

Apesar de serem “obrigatórias”, o ideal é que as leituras não sejam feitas por imposição. Essa é a primeira recomendação da Bianca Buse, assessora de Língua Portuguesa da Editora Positivo, mestre em Literatura com pesquisa em formação do leitor: “É importante que o aluno vá aberto para esta leitura, permita-se envolver e desfrutar desses momentos! Com certeza, dessa forma, ela será muito mais interessante e mais proveitosa!”, estimula a especialista.

Vale ler apenas os resumos das obras?

Ler resumos e resenhas, assim como assistir às adaptações (cinematográficas, teatrais etc.), não substituem a experiência proporcionada pela leitura de uma obra literária. Para Bianca, a leitura do livro, sem dúvida, oportunizará uma percepção diferente e mais completa. No entanto, ela garante, resumos, resenhas e adaptações podem ser bastante úteis. “Seja antes da leitura – para que o aluno já vá mais preparado para aproveitar e com um olhar mais direcionado para a análise e reflexão sobre a obra –, durante a leitura – para dar uma quebra e ajudar a compreender alguns trechos que não ficaram claros – ou depois da leitura – para ajudar a relembrar algumas passagens que ficaram esquecidas durante a leitura ou ainda para perceber um outro ponto de vista.”

Quer conferir mais dicas sobre a leitura dos livros de literatura do vestibular? Confira as sete recomendações da assessora do Positivo.

  1. Planejamento ajuda bastante: organize seu tempo para não ter que fazer todas as leituras correndo e ficar apenas no plano da decodificação (sem conseguir entender e construir relações).
  2. Antes de iniciar a leitura, procure conhecer um pouco mais sobre o autor da obra (pesquise seu estilo de escrita, o que mais já escreveu, leia as críticas…): isso ajudará bastante na compreensão.
  3. Entender o contexto de produção da obra também possibilita maior compreensão do enredo, da construção dos personagens, das críticas apresentadas etc. Por isso, atente-se ao contexto histórico, social, econômico e cultural. Compreender as características das escolas literárias relacionando com esse contexto também irá auxiliar na resolução das questões que podem aparecer nos vestibulares.
  4. Converse sobre essas leituras com seus colegas de sala, com sua família, com professores. Quanto mais você falar sobre o que está lendo e sobre suas percepções a respeito da obra, mais clara ela vai ficando para você e você ainda consegue construir outras relações.
  5. Faça comparações e estabeleça relações (com outras obras literárias, com outros autores, outros estilos de época, entre personagens, cenas, enredos, momentos históricos etc.): esse tipo de análise tem sido bastante cobrado nos processos seletivos e ainda proporciona uma ampliação de repertório significativa.
  6. Observe a construção dos personagens, como se dá a passagem do tempo, se há a presença de um narrador (e se isso interfere, de alguma maneira, em como a história chega até você). Atente-se também para a linguagem utilizada. Tudo isso pode dar pistas importantes para a compreensão da obra e, principalmente, para responder às questões que surgirem sobre o livro.
  7. Trace possibilidades de atualização da obra com o contexto atual, seja pensando em como seria a história caso ocorresse nos dias de hoje, o que poderia mudar se os personagens fossem pessoas reais e conhecidas de agora, se o cenário fosse outro etc. Pense se o tema abordado é atual e se no contexto de hoje há situações semelhantes. Construa paralelos entre a obra lida e o mundo atual – isso também pode ajudar na construção da sua redação!

E se não der mais tempo para fazer todas as leituras?

A especialista alerta os alunos que estão correndo contra o tempo para não chegar na prova “em branco”. “Corra atrás das informações que for possível conseguir no tempo que você tiver disponível (mas busque em fontes seguras!), assista a vídeos e comentários, leia as resenhas e análises, converse com quem leu, peça orientação para seus professores – prepare-se de alguma maneira”, enfatiza.

No Enem, como funciona?

Apesar de estarmos falando aqui das leituras obrigatórias solicitadas pelos vestibulares, vale lembrar que essas dicas também podem ser aproveitadas para o Enem. O Exame Nacional do Ensino Médio não estipula uma lista de obras literárias obrigatórias, mas Bianca reforça que quem tem algum repertório a partir da leitura de obras literárias sai na frente na compreensão e interpretação exigidas nas questões objetivas e também na sua produção de texto. Inclusive, finaliza a assessora, na “Cartilha do Participante – Redação no Enem 2017”, publicada pelo Inep (outubro, 2017) há uma seção chamada “Leia mais, seja mais!”, com uma sugestão para criação de um clube de leitura. #ficaadica

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